Técnicos estrangeiros ainda não são a solução pro futebol brasileiro
Fonte: Douglas Magno/Getty Images |
Essa
carência de bons trabalhos, e a necessidade de resultados rápidos, faz com que
os clubes comecem a pensar no mercado estrangeiro, mais especificamente no
sul-americano. Mas essa opção, considerada por muitos uma opção “ousada”,
muitas vezes acaba não funcionando, seja por falta de paciência da torcida e da
diretoria, ou mesmo da dificuldade de absorção e entendimento de uma nova
filosofia pelos jogadores, o que acaba acarretando em um clima desagradável no
vestiário, que resulta em uma sequência de resultados negativos, e
consequentemente na demissão do treinador. Presas no esquema 4-2-3-1, que se
tornou moda no futebol brasileiro, muitas equipes não costumam reagir bem com
profissionais que implementam mudanças táticas muito radicais, sejam elas de
função ou de posicionamento.
O nome
estrangeiro mais conhecido no momento talvez seja o do uruguaio Diego Aguirre,
treinador do Atlético-MG. Aguirre vem tendo um início razoável em termos de
resultado, mas promissor se analisarmos a organização tática da equipe mineira.
Com 11 jogos (6V, 2E e 3D), os números são aquém do esperado do elenco do
vice-campeão brasileiro, mas o posicionamento tático da equipe já demonstra uma
evolução e um equilíbrio maior do que a equipe de Levir Culpi, que dava muitos espaços
para contra-ataques adversários.
Apesar
da aparente evolução, uma parte da torcida já enxerga o trabalho de Aguirre com
desconfiança, muito por conta do futebol menos vistoso e mais pragmático que a
equipe apresenta. Esse tipo de reação não é novidade no futebol brasileiro,
Juan Carlos Osório também sofreu da mesma rejeição quando treinava o São Paulo
na temporada passada, com 30 jogos (13V, 8E e 9D), Osório acabou deixando o São
Paulo para treinar a Seleção Mexicana, deixando para trás um trabalho ruim e
muito criticado. O próprio já citado Diego Aguirre até chegou a apresentar bons
resultados no Internacional, levando a equipe a Semifinal da Libertadores, mas
também acabou não resistindo as críticas e a insatisfação da torcida colorada.
Atualmente
temos dois treinadores estrangeiros treinando equipes brasileiras, Aguirre no
Atlético-MG, e Bauza no São Paulo. Ambos ainda não apresentaram resultados imediatos
significativos, e isso pode ser justificado no Atlético por conta da adaptação
tática e técnica que se deve a saída de jogadores importantes, e no São Paulo pelos
problemas administrativos.
A instabilidade administrativa e financeira acaba
dificultando a continuidade de trabalhos que fogem do habitual, isso acaba
prejudicando esses profissionais, e mostra que o futebol brasileiro como um
todo ainda não está preparado para a implantação de novas filosofias que saem
da zona de conforto. Tanto é que se observarmos os trabalhos de treinadores
estrangeiros em clubes europeus, como por exemplo o trabalho do argentino
Simeone no Atlético de Madrid, que na temporada 13/14 chegou a final da UEFA
Champions League e conquistou a Liga Espanhola, podemos perceber que com o
clima e a estrutura de trabalho necessários, o profissional com qualidade tem
tudo para dar certo.
Os
treinadores estrangeiros no Brasil não são um problema, mas ainda não chegam a
ser solução, para isso é necessária uma mudança de filosofia e organização
drástica, que só deve acontecer a longo prazo. Até lá, o jeito é se contentar
com a mesmice apresentada pelos mesmos profissionais velhos e ultrapassados.
Dados retirados do site ogol.com.br
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