Brincando de Premier League com as cotas do Brasileirão
By NosAcréscimos 13:18 Campeonato Brasileiro, Leonardo Parrela
Um assunto que incomoda grande parte dos clubes brasileiros é referente aos valores pagos pela TV Globo, que detém os direitos de transmissão do Campeonato Brasileiro, aos clubes. O acordo que está em vigor pelo período entre 2016-2019 tem uma má distribuição e pode gerar uma enorme disparidade entre os clubes.
Os valores do atual contrato são:
1) Flamengo e Corinthians – R$ 170 milhões
2) São Paulo – R$ 110 milhões
3) Vasco e Palmeiras – R$ 100 milhões
4) Santos – R$ 80 milhões
5) Cruzeiro, Galo, Grêmio, Inter, Flu e Botafogo – R$ 60 milhões
6) Outros integrantes – R$ 35 milhões
1) Flamengo e Corinthians – R$ 170 milhões
2) São Paulo – R$ 110 milhões
3) Vasco e Palmeiras – R$ 100 milhões
4) Santos – R$ 80 milhões
5) Cruzeiro, Galo, Grêmio, Inter, Flu e Botafogo – R$ 60 milhões
6) Outros integrantes – R$ 35 milhões
Os acordos foram negociados individualmente com cada clube. Com essa enorme diferença paga entre os clubes, a chance de um campeonato equilibrado se desmonta com facilidade. O volume de dinheiro para investir em cada clube será enorme e se assim se mantiver, fatalmente ocorrerá uma “espanholização” do nosso futebol.
Claro que cada equipe precisa modernizar a sua gestão e melhorar a questão do marketing esportivo. Aqui, com raras exceções, não existe um planejamento para que o torcedor se aproxime do seu time de coração. Recentemente, o Palmeiras vem desenvolvendo essa relação e colhendo bons frutos com programas de Sócio Torcedor, Tour no próprio estádio e ações que valorizem o torcedor como parte do clube. O futebol brasileiro como um todo precisa melhorar nesse aspecto e o Palmeiras conseguiu isso em função de ter um método além das cotas de TV para conseguir dinheiro.
A questão é: Todo clube consegue um patrocinador para bancar esta mudança? A resposta é simples: não. Nem todo clube consegue um vantajoso contrato que lhe confere autoridade para investir em novas áreas rentáveis para captação de renda. Então, uma alternativa para esse começo, seria a renegociação das cotas de transmissão do Campeonato Nacional. O maior exemplo no mundo que temos de um campeonato que se sustenta é a primeira divisão inglesa.
Criada em 1992, a Premier League é rentável porque é gerida por profissionais competentes e que evitam que exista uma enorme disparidade entre os seus participantes. O dinheiro por lá é dividido da seguinte maneira: 50% do valor total do contrato é dividido de forma igualitária entre os participantes. 25% proporcional ao rendimento na competição e os outros 25% baseados na audiência do jogo de cada equipe. Veja como ficou a divisão da última temporada
Divisão de dinheiro de televisão da temporada 2014/15. Fonte: BBC |
Esse maior equilíbrio permite ao clube um investimento na própria estrutura. Fortalecer categorias de base, melhorar equipamentos em suas instalações. São várias as possibilidades de clubes mais fortes com um dinheiro melhor para investir.
Não discuto aqui chegar perto dos valores exorbitantes pagos aos clubes ingleses. Em 2016, o novo acordo de direitos de transmissão, bateu 5.1 bilhões de Libras. Em uma simulação feita pelo blog de esportes do Diário de Pernambuco, é provado que, usando o mesmo modelo inglês, cada clube brasileiro ganharia mais do que atualmente, sem que haja tanta diferença. Veja como ficou a simulação:
Simulação feita pelo blog de esportes do Diário de Pernambuco |
Enquanto a diferença no Campeonato Inglês entre o líder o lanterna é de – aproximadamente - 34 milhões, aqui o valor bate 135 milhões. Com o recente acordo de refinanciamento de dívidas e com maior valor de volume, seria mais fácil uma reestruturação da saúde financeira dos clubes.
Fora que essa má distribuição aliado a uma má gestão dos clubes já levou clubes com grandes histórias como Guarani, Santa Cruz e outros times a situação quase de falência. É natural que com o capital melhor distruibuído, isso seja evitado.
O Esporte Interativo, comprado há cerca de um ano pela Turner Broadcasting System, gigante da comunicação que é dona de canais como CNN, TBS e Cartoon Network, pretende fazer uma proposta aos clubes nesses moldes, a partir de 2020, para a transmissão dos jogos em TV fechada.
Os clubes não devem se tornar refém da televisão. Aqui vai uma pergunta bem honesta: você deixaria de ver seu clube jogar na televisão apenas por que os jogos não passam mais na Globo? A grande maioria creio eu, responderia não à esta pergunta.
Cabe aos clubes se organizarem e procurar um acordo que seja mais rentável para si. Se desprender desse sistema viciado que tanto faz mal ao nosso futebol. O dinheiro está aí e o produto precisa ser mais bem cuidado. São vários os desafios que os clubes precisam vencer para melhorar a própria estrutura e a rentabilidade do seu negócio.
Convenhamos que uma graninha a mais para começar esse processo não faria nada mal.